Postado em 9 de julho de 2009 por Ricardo Marques, em http://blog.opovo.com.br/cotidianoefe/categoria/artigos-ricardo-b-marques/page/2/
Após viverem por quase 10 anos nos Estados Unidos, uma cunhada retornou com seu esposo e um filhinho. Tanto tempo longe do Brasil, mergulhados numa cultura e estilo de vida bem diferente, era prenúncio de que eles sofreriam algum nível de choque cultural. Não deu outra.
Às vezes me pego rindo das reações deles, naturais e esperadas. Mas rindo não por deixar de levá-los a sério, e sim por dar-me conta do quão absurda é, de fato, uma parte da nossa realidade brasileira e nordestina.
Sou inveterado admirador da minha pátria, em especial do Nordeste e de grande parte da nossa cultura, personalidade e humor; do espírito alegre, criativo, hospitaleiro e, acima de tudo, batalhador e incansável que nos é peculiar – sem falar numa curiosa “inteligência acadêmica” que faz dos cearenses destaques por onde quer que andemos nesse mundo de meu Deus. Contudo… É evidente que há outra parte da qual me envergonho. E é esta a que assusta pessoas que vêm de outras bandas, onde os defeitos são outros.
Com razão, minha cunhada e seu esposo gaúcho se espantam com aspectos
bizarros de nossa cultura local. “Olha só, eles jogam lixo na rua!”… “Valha, tem gente aqui que anda de carro sem cinto de segurança!”… “Como é que pode? O cara furou a fila!”… São exemplos de exclamações quase diárias. E compreensíveis.
Afinal, aqui temos convivido com lixo – muito lixo – se acumulando nas ruas e calçadas, enquanto a população morre de calazar e dengue. Na Fortaleza Bela as ruas são esburacadas; o asfalto é todo remendado; os esgotos transbordam; muros, viadutos, casas, prédios, lojas, tudo pichado; gente maluca circula em automóveis com caixas de som gigantes, explodindo nossos tímpanos (e com música da pior qualidade); nos restaurantes conversa-se aos gritos, misturados à zoada de aparelhos de TV que não deveriam estar ali; meninas se prostituem nas áreas turísticas, debaixo do nariz dos vereadores, deputados e senadores que juraram combater tal desgraça; o crack se espalha a olhos vistos; motoristas descumprem as mais elementares regras de trânsito, correm, costuram, avançam, põem inocentes em risco e ainda se acham “ases do volante”; as loucuras no trânsito se agravam, mas não se vê guardas de trânsito em lugar algum, exceto fazendo ronda nas áreas de estacionamento proibido; faltam remédios e médicos em postos de saúde, vagas em escolas e leitos em hospitais, enquanto milhões de reais são gastos com Fortal, Parada Gay, shows; apinham-se prédios altos em ruas estreitas, sem que haja um estudo do fluxo de veículos na área, que logo se torna intransitável; as praias estão cada vez mais urbanizadas, perdendo sua atratividade turística e depois se reclama que o único turismo que cresce aqui é o sexual…
Costumo ser atento e crítico, porém admito que estava precisando de uma chacoalhada para me despertar da tendência humana em se conformar com o que não presta. Passa o tempo e a gente começa a se amoldar, achando que “é assim mesmo”, diminuindo nossas atitudes de resistência ao mal. Presenciar o espanto de pessoas de fora ao se depararem com o “lado negro” da nossa cultura nos alerta para a verdade bíblica expressa pelo apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos, 12:2 – “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
Não tomar a forma desse sistema mundano. Transformar-se, renovando a mente, experimentando a vontade de Deus. Sim, eu quero isso… Quero ser transformado e ser um agente de transformação. E você?
segunda-feira, 12 de julho de 2010
terça-feira, 21 de julho de 2009
“Provavelmente não existe Deus. Agora, pare de se preocupar e curta sua vida.”
Com essa mensagem estampada nos ônibus ingleses e em camisetas, o polêmico biólogo Richard Dawkins lançou uma campanha anti-Deus que se espalhou pela Comunidade Européia.
Dawkins e uma das “modelos” da sua agressiva campanha ateísta, apoiada por um Estado que se faz passar por “laico”, contudo promove ideologias com características tipicamente religiosas. Hoje vários filósofos e cientistas argumentam que o novo ateísmo militante é, na verdade, uma nova forma de religião, intolerante e fundamentalista, que gradualmente vem dominando governos seculares e parte considerável do meio acadêmico.
Dawkins acaba de passar duas semanas no Brasil, por ocasião do congresso da Animal Behavior Society (Sociedade de Comportamento Animal), onde foi homenageado. Antes de ir embora, fez uma conferência em Parati sobre seu livro mais polêmico: Deus, um delírio – considerado um panfleto de combate à religião.
Esse biólogo inglês, nascido no Quênia, é um dos expoentes de uma nova forma de ateísmo, caracterizado como militante, combativo, dogmático, fundamentalista, radical, intolerante, extremista, inquisidor e outros adjetivos pouco agradáveis, outrora atribuídos apenas a alguns praticantes das religiões que ele mesmo diz querer destruir.
Considerei Dawkins um “gênio” a partir do momento em que, nos tempos de faculdade, li seu primeiro e inteligente livro, O Gene Egoísta. Ele lançara um conceito novo e ousado na teoria da evolução, sendo esta minha principal área de especialidade e de trabalho como biólogo, zoólogo, etólogo e paleontólogo (xiii, parece muita coisa, né?). Após conhecer seu pensamento muito bem articulado, passei a ler todas – absolutamente todas – as suas obras seguintes, incluindo as atuais. E continuarei a fazê-lo, porém confesso que, enquanto não desenvolvi um senso mais crítico e uma maturidade científica e filosófica mais apurada, os conceitos de Dawkins tiveram, para mim, a aparência de ciência. Hoje sei que são apenas isso: aparência.
Richard Dawkins, apesar da formação, é mais filósofo do que cientista. Nas palavras dele próprio, nunca teve muito interesse na natureza em si, sendo que sua motivação em estudar biologia foi basicamente de ordem filosófica. Em outras palavras, ao que parece ele caiu de pára-quedas na abrangente e diversificada biologia com a meta de pinçar aqueles argumentos que servissem para consolidar suas crenças pessoais. Cedo se afastou da pesquisa para dedicar-se a reflexões filosóficas sobre a evolução, no interesse de aplicar sua invejável capacidade de manipulação argumentativa ao esforço de neutralizar qualquer forma de questionamento aos postulados darwinistas, que acabaram virando dogmas. Sua cátedra em Oxford, de “Compreensão Pública da Ciência”, foi criada à custa de fundos doados por um milionário húngaro-americano, revelando a poderosa máquina por trás dos interesses anticristãos e anti-religiosos. Assim, Dawkins tornou-se um “marketeiro” da evolução, inclusive fazendo uso das técnicas mais sórdidas do mundo da propaganda para fazer valer suas teses.
Dawkins é considerado, hoje, o maior defensor dos postulados de Charles Darwin, numa época em que o avanço das pesquisas tem levado muitos cientistas, a maioria de altos graus acadêmicos e mesmo evolucionistas notórios, a questionar a validade da teoria de Darwin como explicação para a origem de novas espécies. A recusa ferrenha em aceitar questionamentos ao darwinismo, o fazer-se surdo às evidências levantadas por muitos de seus colegas, a aplicação da tática de menosprezar e denegrir as vozes discordantes, e o uso de sua influência para censurar e perseguir seus opositores, tem feito com que Dawkins seja visto como autor de uma “nova inquisição” e de dogmatizar a ciência.
A propaganda de Dawkins, bem representada em Deus, um delírio, tem convencido a muitos de que a religião – em especial o cristianismo – é uma praga a ser expurgada. Mas esse convencimento dá-se, simplesmente, porque Dawkins conta com aquilo que ele mesmo diz combater: a ignorância de considerável parte das pessoas sobre os fatos. Caem, pois, como patinhos na armadilha da propaganda da sua “religião” darwinista-ateísta (o próprio Charles Darwin se revolveria no túmulo, como diz a expressão popular, se soubesse o que estão fazendo com sua teoria).
Essa propaganda de Dawkins e tantos outros que com ele se afinam é tida como sórdida porque usam distorções e engodos de maneira a parecerem verdades incontestáveis, minando as resistências ao aliarem falácias a táticas de intensa divulgação, com estratégias bem articuladas de negar espaço às vozes dissonantes. Por exemplo, cientistas respeitados, mas cujas pesquisas apontem falhas na teoria da evolução, não conseguem publicar seus trabalhos nos periódicos mais respeitados, nem espaço para falar nos congressos, nem editoras que aceitem seus livros.
Entre as jogadas de Dawkins, uma conhecida é ele fazer seu público acreditar que todo religioso é ignorante, omitindo daquele as centenas de eminentes pensadores e cientistas que fizeram/fazem a história, e que foram/são religiosos, geralmente cristãos. Não se constrange em inventar, para os crédulos leitores, que não há cientistas sérios que questionem o darwinismo, e que apenas religiosos fazem isso; contudo, Dawkins sabe haver muitos cientistas, até mais conhecedores de ciência do que ele, que têm dito ser o darwinismo incapaz de explicar a evolução das espécies. Curiosamente, e para constrangimento dele, a maior parte desses cientistas é da área biológica e não são religiosos (há uma crescente lista de centenas de assinaturas destes na Internet, em http://www.dissentfromdarwin.org/). Vale lembrar do célebre biólogo e filósofo da ciência, Stephen Jay Gould, e do reputado paleontólogo Niles Eldredge, ambos evolucionistas, mas que, rendidos à falta de evidências em favor do darwinismo, sugeriram como alternativa a teoria do “equilíbrio pontuado” – sendo que esta também não conseguiu responder às lacunas existentes. Acrescente-se, dentre tantos, o neurocientista Steven Rose, o geneticista Richard Lewontin, o astrofísco Fred Hoyle, evolucionistas, porém críticos de Dawkins.
Não é à toa que celebridades como o biofísico britânico Alister McGrath, PhD em Biofísica Molecular, que teve larga experiência com pesquisa e que descobriu a teologia cristã em sua vida, sendo professor na mesma universidade de Dawkins, tem dedicado boa parte de seu tempo em desconstruir cada argumento deste. Em seu livro O Delírio de Dawkins, McGrath põe abaixo, uma a uma, as falsas “verdades” de Deus, um delírio.
Dawkins é considerado, hoje, o maior defensor dos postulados de Charles Darwin, numa época em que o avanço das pesquisas tem levado muitos cientistas, a maioria de altos graus acadêmicos e mesmo evolucionistas notórios, a questionar a validade da teoria de Darwin como explicação para a origem de novas espécies. A recusa ferrenha em aceitar questionamentos ao darwinismo, o fazer-se surdo às evidências levantadas por muitos de seus colegas, a aplicação da tática de menosprezar e denegrir as vozes discordantes, e o uso de sua influência para censurar e perseguir seus opositores, tem feito com que Dawkins seja visto como autor de uma “nova inquisição” e de dogmatizar a ciência.
A propaganda de Dawkins, bem representada em Deus, um delírio, tem convencido a muitos de que a religião – em especial o cristianismo – é uma praga a ser expurgada. Mas esse convencimento dá-se, simplesmente, porque Dawkins conta com aquilo que ele mesmo diz combater: a ignorância de considerável parte das pessoas sobre os fatos. Caem, pois, como patinhos na armadilha da propaganda da sua “religião” darwinista-ateísta (o próprio Charles Darwin se revolveria no túmulo, como diz a expressão popular, se soubesse o que estão fazendo com sua teoria).
Essa propaganda de Dawkins e tantos outros que com ele se afinam é tida como sórdida porque usam distorções e engodos de maneira a parecerem verdades incontestáveis, minando as resistências ao aliarem falácias a táticas de intensa divulgação, com estratégias bem articuladas de negar espaço às vozes dissonantes. Por exemplo, cientistas respeitados, mas cujas pesquisas apontem falhas na teoria da evolução, não conseguem publicar seus trabalhos nos periódicos mais respeitados, nem espaço para falar nos congressos, nem editoras que aceitem seus livros.
Entre as jogadas de Dawkins, uma conhecida é ele fazer seu público acreditar que todo religioso é ignorante, omitindo daquele as centenas de eminentes pensadores e cientistas que fizeram/fazem a história, e que foram/são religiosos, geralmente cristãos. Não se constrange em inventar, para os crédulos leitores, que não há cientistas sérios que questionem o darwinismo, e que apenas religiosos fazem isso; contudo, Dawkins sabe haver muitos cientistas, até mais conhecedores de ciência do que ele, que têm dito ser o darwinismo incapaz de explicar a evolução das espécies. Curiosamente, e para constrangimento dele, a maior parte desses cientistas é da área biológica e não são religiosos (há uma crescente lista de centenas de assinaturas destes na Internet, em http://www.dissentfromdarwin.org/). Vale lembrar do célebre biólogo e filósofo da ciência, Stephen Jay Gould, e do reputado paleontólogo Niles Eldredge, ambos evolucionistas, mas que, rendidos à falta de evidências em favor do darwinismo, sugeriram como alternativa a teoria do “equilíbrio pontuado” – sendo que esta também não conseguiu responder às lacunas existentes. Acrescente-se, dentre tantos, o neurocientista Steven Rose, o geneticista Richard Lewontin, o astrofísco Fred Hoyle, evolucionistas, porém críticos de Dawkins.
Não é à toa que celebridades como o biofísico britânico Alister McGrath, PhD em Biofísica Molecular, que teve larga experiência com pesquisa e que descobriu a teologia cristã em sua vida, sendo professor na mesma universidade de Dawkins, tem dedicado boa parte de seu tempo em desconstruir cada argumento deste. Em seu livro O Delírio de Dawkins, McGrath põe abaixo, uma a uma, as falsas “verdades” de Deus, um delírio.
O biofísico molecular e professor de Oxford, Alister McGrath, PhD em Biofísica Molecular, em seu livro O Deus de Dawkins expõe como a defesa ardorosa do darwinismo por Richard Dawkins adquiriu características tipicamente religiosas, tornando a ciência excessivamente dogmática. E em O Delírio de Dawkins, McGrath desconstrói um a um os argumentos falaciosos que Dawkins, em Deus, um delírio, julga “incontestáveis”...
Dawkins não mede esforços para convencer o público de suas crenças anticristãs extremistas. Em seu livro chega ao ponto de comparar Moisés a Hitler, chama o Novo Testamento de “doutrina sado-masoquista” (veja: http://www.wnd.com/news/article.asp?ARTICLE_ID=48252) e ainda defende a eliminação de todas as manifestações religiosas da face da Terra. Para se justificar, cita os piores exemplos de religiosidade, menciona os piores fanáticos, ignora todo o ensino de amor, bondade e paz e as tantas virtudes pregadas pelas religiões. Aliás, virtudes estas que talvez sequer existissem sem a revelação de Deus, sem a pessoa e obra de Jesus e sem a perpetuação disso pelos discípulos de Cristo. Tenta incitar o ódio contra os cristãos a partir de estatísticas fraudadas, ao relatar atentados terroristas de supostos “cristãos ultra-fundamentalistas” a clínicas de aborto e a médicos abortistas, como se isso fosse a regra – num cômputo geral, esses extremistas representam apenas cerca de 50 pessoas, dentre 80 milhões que se declaram cristãos renascidos nos EUA. .
Há, sim, intermináveis dúvidas a respeito da origem da vida e das espécies, dúvidas que vão muito além do reducionismo perpetrado por visões opostas, como o evolucionismo fundamentalista e o criacionismo fundamentalista. Tanto em uma como na outra, as posturas assumidas se resumem mais a uma matéria de fé, e os ataques feitos são mais ideológicos do que propriamente científicos. Infelizmente a maioria dos evolucionistas não admite esse fato.
Nessa perspectiva, nos damos conta de o quanto o ateísmo de Richard Dawkins, apesar de toda a sua inteligência acadêmica, deixa de ser resultado de consenso científico para tornar-se uma posição de pura fé, mais religiosamente dogmática e pouco sustentável do que as dos religiosos a quem ele ataca. Nunca cheguei a esse nível de extremismo, muito menos de notoriedade, mas me recordo do quão inflexível eu era quando sentia ameaçada minha fé na evolução e no ateísmo, e como reagia cegamente. E sou prova viva, juntamente com milhares de outros a quem não me posso comparar, de que Deus nos ama a ponto de ignorar até nossa negação dEle, e põe em nosso caminho freqüentes oportunidades para nos depararmos com a fé e, assim, nos encontrarmos com Ele. Não é diferente com Dawkins.
Há, sim, intermináveis dúvidas a respeito da origem da vida e das espécies, dúvidas que vão muito além do reducionismo perpetrado por visões opostas, como o evolucionismo fundamentalista e o criacionismo fundamentalista. Tanto em uma como na outra, as posturas assumidas se resumem mais a uma matéria de fé, e os ataques feitos são mais ideológicos do que propriamente científicos. Infelizmente a maioria dos evolucionistas não admite esse fato.
Nessa perspectiva, nos damos conta de o quanto o ateísmo de Richard Dawkins, apesar de toda a sua inteligência acadêmica, deixa de ser resultado de consenso científico para tornar-se uma posição de pura fé, mais religiosamente dogmática e pouco sustentável do que as dos religiosos a quem ele ataca. Nunca cheguei a esse nível de extremismo, muito menos de notoriedade, mas me recordo do quão inflexível eu era quando sentia ameaçada minha fé na evolução e no ateísmo, e como reagia cegamente. E sou prova viva, juntamente com milhares de outros a quem não me posso comparar, de que Deus nos ama a ponto de ignorar até nossa negação dEle, e põe em nosso caminho freqüentes oportunidades para nos depararmos com a fé e, assim, nos encontrarmos com Ele. Não é diferente com Dawkins.
Dentre estes a quem não me posso comparar está Antony Flew, filósofo mundialmente famoso por ter sido um dos maiores e mais radicais defensores do ateísmo. Na verdade, Flew é considerado uma espécie de “pai do ateísmo moderno”, por haver organizado o pensamento ateu numa estrutura filosófica muito bem firmada. Ele foi um dos que criticou C. S. Lewis quando este, que era considerado “o ateu mais empedernido”, deixou o ateísmo, convertendo-se ao cristianismo e tornando-se o grande apologeta cristão do século XX. Acontece que em 2004 Antony Flew mudou: agora era um crente em Deus. O mundo acadêmico, fortemente preconceituoso, veio abaixo. Flew afirmou ter sido confrontado pela honestidade e coerência com as evidências da existência de Deus, as quais ele não podia mais negar, nem fingir que não existiam. E fala dessas “provas incontestáveis” em seu livro Um ateu garante: Deus existe.
Richard Dawkins não é melhor do que Antony Flew nem do que C. S. Lewis e tantos outros. Portanto, ele pode ser, a qualquer momento, impactado por Deus, se tiver abertura de mente e coração honesto e sincero o suficiente.
Não consigo ter raiva de Dawkins, mesmo com tudo de tão horrível que ele diz e faz. Jesus disse que orássemos pelos nossos inimigos, e, mais do que isso, que os amássemos. É isso que tenho feito. Ou, pelo menos, tentado.
Por enquanto, procuro me manter alerta às palavras de Paulo, em sua carta a Timóteo, 6:20 – “(...) Guarda o que te foi confiado, evitando os falatórios inúteis e profanos e as contradições da falsa ciência”.
Richard Dawkins não é melhor do que Antony Flew nem do que C. S. Lewis e tantos outros. Portanto, ele pode ser, a qualquer momento, impactado por Deus, se tiver abertura de mente e coração honesto e sincero o suficiente.
Não consigo ter raiva de Dawkins, mesmo com tudo de tão horrível que ele diz e faz. Jesus disse que orássemos pelos nossos inimigos, e, mais do que isso, que os amássemos. É isso que tenho feito. Ou, pelo menos, tentado.
Por enquanto, procuro me manter alerta às palavras de Paulo, em sua carta a Timóteo, 6:20 – “(...) Guarda o que te foi confiado, evitando os falatórios inúteis e profanos e as contradições da falsa ciência”.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
O Porto Seguro (sobre meu pai)
(Para o meu pai, Reginaldo, com todo o carinho e a gratidão)
Ricardo Marques, 03/2004
Tal navio-caravela,
Nos remotos tempos de além-mar,
Quando ainda pouco se sabia,
Tu te lançaste, intrépido, a navegar.
Entre vagas e calmarias,
Ventos impiedosos a enfrentar,
De espírito aventureiro, livre,
Aos mistérios perseguiste, sempre a sonhar.
Na tua ousada trajetória,
Um mundo inteiro descobriste...
Maravilhas e gloriosas vitórias
Mantiveram tua bandeira em riste.
Enxergaste, porém, da vida um outro lado...
Ao descobrir como és inteligente e ágil,
As decepções, até dores e cansaço
Te revelaram que também és frágil.
Em mapas incompletos, com vigor e coragem,
Traçaste rotas desconhecidas, em ato de fé.
Heróico, lutando contra icebergs e miragens,
Construíste um sonho real, até hoje de pé.
Esposa e filhos que valem mais que o ouro,
Casa e vestes, com o pão sempre à mesa,
De todas as fortunas é este o maior tesouro,
Nome limpo e honesto, família íntegra e coesa.
Foi assim que, acertando e errando,
Construíste o maior império de todos;
Justo aquilo que a maioria, se empenhando,
Não consegue fazer, não passando de tolos.
Meu pai, tu sabes que não são poucos,
Os que desejam ser o que és e ter o que tens;
Não desejes, pois, ser o que são estes outros,
Nem apliques teu coração em outra forma de bens.
Hoje podes olhar para trás e ver, com glória,
Os grandes e difíceis mares por que navegaste,
Os erros e acertos, as batalhas e vitórias,
Assim como os muitos tesouros que ajuntaste.
Mas agora também é tempo, meu pai, meu orgulho,
De olhares pra frente com fé e atenção,
Sabendo que lá te espera um Porto Seguro,
Um Deus que te ama e que quer tua consideração.
Há tempos, mesmo quando tua vista não percebeu,
Ele olha por ti, Ele trabalha por ti...
Há séculos Ele até por ti morreu e venceu!
Ele quer acolhê-lo, agora, Ele o quer para Si.
As cãs são uma dádiva dos céus,
É o que dizem as Escrituras,
Mesmo nem todos sabendo disso,
É nesta fase da vida que a sabedoria mais perdura.
Quão sublime é, este tempo das cãs...
Por mais que muitos, iludidos, as escondam
Por se verem levando vidas vãs,
Deus atende, alegre, aqueles que O chamam.
Chama para ti o Senhor, ó pai amado.
Pede a Ele para teu coração visitar.
Verás que nada melhor pode ser desejado,
E quão maravilhoso é a Deus amar.
Então, sejam quais forem as tribulações desta vida,
Não importa que grandes ondas dominem o mar,
Em Porto Seguro estará sempre teu navio,
Com Jesus, pleno e vitorioso será teu caminhar.
* * *
Parabéns por mais este ano, papai. Meus joelhos estarão dia e noite dobrados, em oração, agradecendo por tua vida e por tudo que deste a mim, a meus irmãos e à nossa querida mãe. E pedindo a Deus que toque seu coração para que o milagre da fé quebrante teu espírito e o traga para os braços do Altíssimo.
Com intenso amor, do seu primogênito,
Ricardo
(04/03/2004)
Ricardo Marques, 03/2004
Tal navio-caravela,
Nos remotos tempos de além-mar,
Quando ainda pouco se sabia,
Tu te lançaste, intrépido, a navegar.
Entre vagas e calmarias,
Ventos impiedosos a enfrentar,
De espírito aventureiro, livre,
Aos mistérios perseguiste, sempre a sonhar.
Na tua ousada trajetória,
Um mundo inteiro descobriste...
Maravilhas e gloriosas vitórias
Mantiveram tua bandeira em riste.
Enxergaste, porém, da vida um outro lado...
Ao descobrir como és inteligente e ágil,
As decepções, até dores e cansaço
Te revelaram que também és frágil.
Em mapas incompletos, com vigor e coragem,
Traçaste rotas desconhecidas, em ato de fé.
Heróico, lutando contra icebergs e miragens,
Construíste um sonho real, até hoje de pé.
Esposa e filhos que valem mais que o ouro,
Casa e vestes, com o pão sempre à mesa,
De todas as fortunas é este o maior tesouro,
Nome limpo e honesto, família íntegra e coesa.
Foi assim que, acertando e errando,
Construíste o maior império de todos;
Justo aquilo que a maioria, se empenhando,
Não consegue fazer, não passando de tolos.
Meu pai, tu sabes que não são poucos,
Os que desejam ser o que és e ter o que tens;
Não desejes, pois, ser o que são estes outros,
Nem apliques teu coração em outra forma de bens.
Hoje podes olhar para trás e ver, com glória,
Os grandes e difíceis mares por que navegaste,
Os erros e acertos, as batalhas e vitórias,
Assim como os muitos tesouros que ajuntaste.
Mas agora também é tempo, meu pai, meu orgulho,
De olhares pra frente com fé e atenção,
Sabendo que lá te espera um Porto Seguro,
Um Deus que te ama e que quer tua consideração.
Há tempos, mesmo quando tua vista não percebeu,
Ele olha por ti, Ele trabalha por ti...
Há séculos Ele até por ti morreu e venceu!
Ele quer acolhê-lo, agora, Ele o quer para Si.
As cãs são uma dádiva dos céus,
É o que dizem as Escrituras,
Mesmo nem todos sabendo disso,
É nesta fase da vida que a sabedoria mais perdura.
Quão sublime é, este tempo das cãs...
Por mais que muitos, iludidos, as escondam
Por se verem levando vidas vãs,
Deus atende, alegre, aqueles que O chamam.
Chama para ti o Senhor, ó pai amado.
Pede a Ele para teu coração visitar.
Verás que nada melhor pode ser desejado,
E quão maravilhoso é a Deus amar.
Então, sejam quais forem as tribulações desta vida,
Não importa que grandes ondas dominem o mar,
Em Porto Seguro estará sempre teu navio,
Com Jesus, pleno e vitorioso será teu caminhar.
* * *
Parabéns por mais este ano, papai. Meus joelhos estarão dia e noite dobrados, em oração, agradecendo por tua vida e por tudo que deste a mim, a meus irmãos e à nossa querida mãe. E pedindo a Deus que toque seu coração para que o milagre da fé quebrante teu espírito e o traga para os braços do Altíssimo.
Com intenso amor, do seu primogênito,
Ricardo
(04/03/2004)
Um momento no Natal...
Ricardo Marques
Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, ordenando o recenseamento de todo o mundo habitado. Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. Assim, subiu José da Galiléia, da cidade de Nazaré, onde morava, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, a fim de se alistar com Maria, sua mulher, que estava grávida. Estando eles ali, cumpriram-se os dias em que ela havia de dar à luz, e ela deu à luz a seu primeiro Filho, envolveu-O em panos, e O deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria (Lucas 2:1-7). Por causa do censo, a família real tem de viajar por 126 quilômetros. José caminha, enquanto Maria, no seu nono mês de gravidez, segue em cima de um burro, sentindo cada solavanco, cada sulco, cada pedra da estrada.
Ao chegar, encontram a pequena vila de Belém repleta de viajantes. A hospedaria está lotada, havendo até quem se achasse um felizardo por conseguir negociar um espaço no chão. É tarde, todos dormem, não há acomodações. Mas, felizmente, o dono da hospedaria não é mesquinho. Explica que o estábulo está também lotado com os animais pertencentes aos hóspedes, mas que apesar das condições, haveria maior privacidade lá. José olha para Maria, que está tendo uma contração. "Ficaremos no estábulo", diz sem hesitar.
Era ainda noite quando José abriu a porta do estábulo, que rangeu caracteristicamente. Ao fazê-lo, os animais, assustados com o intruso, reclamam num coro discordante. O mau cheiro era penetrante e úmido, pois se as horas eram insuficientes para o estalajadeiro cuidar de seus hóspedes, que dirá dos animais. A luz tremeluzente de uma pequena lamparina, a eles emprestada pelo dono da hospedaria, projeta na parede estranha dança de sombras. Um lugar inquietante para uma mulher prestes a dar à luz. Longe de casa, longe da família. Longe de todas as suas expectativas para quando nascesse seu primeiro filho. Mas Maria não reclama de nada. Já é um alívio ter descido do lombo do burro. Encosta-se à parede, sentindo os pés inchados, as costas doerem, e as contrações cada vez mais fortes e mais freqüentes. José corre os olhos pelo estábulo. Não há tempo a perder. Rápido. Uma manjedoura servirá como berço. O feno serviria de travesseiro. Cobertores? Cobertores? Ah, sua manta estaria ótima. Aqueles trapos dependurados ajudariam a enxugar o nenê.
Maria se contorce numa contração mais forte e pede a José que providencie um balde de água. O nascimento não seria nada fácil, nem para a mãe nem para a criança. Todos os privilégios reais se encerravam ali, numa concepção humana e natural – não era para ser diferente do normal. Um grito de dor vindo de Maria interrompe a calma daquela noite silenciosa. José está voltando, apressado, com a água transbordando do balde de madeira. O alto da cabeça já se introduz neste mundo. Gotas de suor caem pelo rosto contorcido de dor de Maria, enquanto José, a parteira mais atípica de toda a Judéia, se posta ao lado. As contrações involuntárias não são suficientes, e Maria tem de ajudar com todas as forças, quase como se Deus estivesse se recusando a vir ao mundo sem a ajuda dela. José coloca uma manta sobre Maria que, com um último esforço e longo suspiro, termina seu trabalho de parto.
Nasceu o Messias. Tem a cabeça alongada pelo caminho estreito que atravessou ao nascer. A pele ainda é clara, pois levará dias até que a pigmentação normal ocorra. Há muco nas orelhas e narinas. O líquido amniótico o envolve, deixando-o úmido e escorregadio. O Filho do Deus Supremo está preso pelo cordão umbilical a uma garota judia. O bebê está sufocado e tosse. José, instintivamente, vira-o de cabeça para baixo para que se desobstrua a garganta. Então o nenê chora.
Maria oferece o seio ao trêmulo bebê. Acomoda-o em seu peito e aquele choro tão aflito aquieta-se. A cabecinha delicada encosta-se em terreno ainda desconhecido. Será sua primeira lição. Maria pode sentir as batidas rápidas do coraçãozinho, enquanto o bebê tateia à procura do seio para mamar. O seio de uma jovenzinha alimentando o Criador. Pode algo ser mais enigmático – ou mais profundo?
José senta-se exausto, silencioso e maravilhado. O bebê termina de mamar, suspira, a Palavra divina reduzida a alguns sons ininteligíveis. Então, pela primeira vez, os olhos se fixam nos de sua mãe. A única e verdadeira Divindade, que transcende o Universo, esforçando-se para focalizar o rosto de quem lhe abrigou no ventre. A Luz do Mundo, ali, se aninhando. Os olhos de Maria enchem-se de lágrimas. Toca as delicadas mãozinhas. E mãos que um dia esculpiram o mundo enroscam-se nos dedos dela. Ela olha para José e, através de lágrimas comovidas, suas almas se encontram. José aproxima-se mais de sua amada. Cabeças juntas, admiram o pequeno Jesus, cujos olhinhos pesados começam a fechar-se. Foi um longo dia. O Rei está cansado.
Dessa maneira, sem nenhum alarde especial, Deus entrou para o lago morno da humanidade. Sem nenhuma pompa ou cerimônia. É fato que anjos se prostravam em volta, contemplando a realização do maior de todos os mistérios, a eles prenunciado desde a origem dos tempos, quando o homem afastou-se do Criador. Agora, “parte” do próprio Criador assumia forma humana. Entretanto, no lugar em que se poderiam esperar exércitos saudando o Verbo que se fez gente, havia apenas moscas. Onde seriam esperados chefes de estado, havia apenas burros, algumas vacas agitadas, um aglomerado nervoso de carneiros, um camelo preso a uma corda, e um rato de celeiro que olhava curioso e furtivo. Tudo conforme havia sido previsto e escrito, séculos e séculos antes...
Maria contava apenas com José para consolar-se de suas dores e para repartir suas alegrias. Havia, como se sabe, um coro de anjos anunciando a chegada do Salvador – mas somente para um grupo pequeno de pastores de ovelhas. É verdade também que uma estrela magnífica brilhou no céu para assinalar o lugar do nascimento dEle, mas apenas alguns sábios estrangeiros a entendiam e, vendo-a, a seguiram. Assim, na pequena vila de Belém... Numa noite silenciosa... O nascimento real do Filho de Deus aconteceu tão tranqüilamente... Enquanto o mundo todo dormia e sequer imaginava o que estava acontecendo...
Amado Jesus, embora não houvesse lugar para Ti na hospedaria, permite que hoje eu tenha no coração um lugar amplo para oferecer-Te. Apesar de não teres sido bem recebido por muitos do Teu próprio povo, permite que nesta hora eu possa receber-Te de braços abertos. Embora Belém tenha negligenciado a Ti no censo, concede-me, neste momento, a graça de estar por perto e saber que Tu és Deus, conforme o disseste de Tua própria boca. Sim, Tu és Deus... Tu, cujo único palácio era um estábulo e único trono um coxo de cavalos, cujas únicas vestes eram trapos.
De joelhos, meu Senhor, quero confessar que, como homem pecador, estou condicionado à pompa, à vaidade, ao orgulho, ao preconceito e à ostentação, coisas que nos obscurecem na aceitação de um Deus que balbucia numa manjedoura. Perdoa-me, por favor. Ajuda-me a compreender pelo menos algumas das lições que o Teu nascimento, que comemoramos hoje, tem para ensinar – que o poder de Deus não está condicionado à força, mas à fraqueza; que a verdadeira grandeza não se alcança com posses, vaidade e egoísmo, mas com resignação, com o negar-se a si mesmo, com o amor ao próximo, percebendo-se o mundo e seu sistema com outros olhos, os olhos do espírito. E ainda nos ensinas que a mais secular das coisas pode ser considerada sagrada quando Tu estás ali presente. E, quando Tu, cheio de infinito amor, ansioso pela minha Redenção eterna, parares à porta de minha casa e bater, conceda-me uma sensibilidade especial para o som daquela batida, e assim apresse-me em atendê-la. Não permita que eu te deixe esperar no frio, ou que ainda te mande para algum estábulo. Possa meu coração ser quente e acolhedor, de tal forma que, quando Tu bateres, haja sempre à tua espera um lugar digno de Ti...
Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, ordenando o recenseamento de todo o mundo habitado. Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. Assim, subiu José da Galiléia, da cidade de Nazaré, onde morava, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, a fim de se alistar com Maria, sua mulher, que estava grávida. Estando eles ali, cumpriram-se os dias em que ela havia de dar à luz, e ela deu à luz a seu primeiro Filho, envolveu-O em panos, e O deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria (Lucas 2:1-7). Por causa do censo, a família real tem de viajar por 126 quilômetros. José caminha, enquanto Maria, no seu nono mês de gravidez, segue em cima de um burro, sentindo cada solavanco, cada sulco, cada pedra da estrada.
Ao chegar, encontram a pequena vila de Belém repleta de viajantes. A hospedaria está lotada, havendo até quem se achasse um felizardo por conseguir negociar um espaço no chão. É tarde, todos dormem, não há acomodações. Mas, felizmente, o dono da hospedaria não é mesquinho. Explica que o estábulo está também lotado com os animais pertencentes aos hóspedes, mas que apesar das condições, haveria maior privacidade lá. José olha para Maria, que está tendo uma contração. "Ficaremos no estábulo", diz sem hesitar.
Era ainda noite quando José abriu a porta do estábulo, que rangeu caracteristicamente. Ao fazê-lo, os animais, assustados com o intruso, reclamam num coro discordante. O mau cheiro era penetrante e úmido, pois se as horas eram insuficientes para o estalajadeiro cuidar de seus hóspedes, que dirá dos animais. A luz tremeluzente de uma pequena lamparina, a eles emprestada pelo dono da hospedaria, projeta na parede estranha dança de sombras. Um lugar inquietante para uma mulher prestes a dar à luz. Longe de casa, longe da família. Longe de todas as suas expectativas para quando nascesse seu primeiro filho. Mas Maria não reclama de nada. Já é um alívio ter descido do lombo do burro. Encosta-se à parede, sentindo os pés inchados, as costas doerem, e as contrações cada vez mais fortes e mais freqüentes. José corre os olhos pelo estábulo. Não há tempo a perder. Rápido. Uma manjedoura servirá como berço. O feno serviria de travesseiro. Cobertores? Cobertores? Ah, sua manta estaria ótima. Aqueles trapos dependurados ajudariam a enxugar o nenê.
Maria se contorce numa contração mais forte e pede a José que providencie um balde de água. O nascimento não seria nada fácil, nem para a mãe nem para a criança. Todos os privilégios reais se encerravam ali, numa concepção humana e natural – não era para ser diferente do normal. Um grito de dor vindo de Maria interrompe a calma daquela noite silenciosa. José está voltando, apressado, com a água transbordando do balde de madeira. O alto da cabeça já se introduz neste mundo. Gotas de suor caem pelo rosto contorcido de dor de Maria, enquanto José, a parteira mais atípica de toda a Judéia, se posta ao lado. As contrações involuntárias não são suficientes, e Maria tem de ajudar com todas as forças, quase como se Deus estivesse se recusando a vir ao mundo sem a ajuda dela. José coloca uma manta sobre Maria que, com um último esforço e longo suspiro, termina seu trabalho de parto.
Nasceu o Messias. Tem a cabeça alongada pelo caminho estreito que atravessou ao nascer. A pele ainda é clara, pois levará dias até que a pigmentação normal ocorra. Há muco nas orelhas e narinas. O líquido amniótico o envolve, deixando-o úmido e escorregadio. O Filho do Deus Supremo está preso pelo cordão umbilical a uma garota judia. O bebê está sufocado e tosse. José, instintivamente, vira-o de cabeça para baixo para que se desobstrua a garganta. Então o nenê chora.
Maria oferece o seio ao trêmulo bebê. Acomoda-o em seu peito e aquele choro tão aflito aquieta-se. A cabecinha delicada encosta-se em terreno ainda desconhecido. Será sua primeira lição. Maria pode sentir as batidas rápidas do coraçãozinho, enquanto o bebê tateia à procura do seio para mamar. O seio de uma jovenzinha alimentando o Criador. Pode algo ser mais enigmático – ou mais profundo?
José senta-se exausto, silencioso e maravilhado. O bebê termina de mamar, suspira, a Palavra divina reduzida a alguns sons ininteligíveis. Então, pela primeira vez, os olhos se fixam nos de sua mãe. A única e verdadeira Divindade, que transcende o Universo, esforçando-se para focalizar o rosto de quem lhe abrigou no ventre. A Luz do Mundo, ali, se aninhando. Os olhos de Maria enchem-se de lágrimas. Toca as delicadas mãozinhas. E mãos que um dia esculpiram o mundo enroscam-se nos dedos dela. Ela olha para José e, através de lágrimas comovidas, suas almas se encontram. José aproxima-se mais de sua amada. Cabeças juntas, admiram o pequeno Jesus, cujos olhinhos pesados começam a fechar-se. Foi um longo dia. O Rei está cansado.
Dessa maneira, sem nenhum alarde especial, Deus entrou para o lago morno da humanidade. Sem nenhuma pompa ou cerimônia. É fato que anjos se prostravam em volta, contemplando a realização do maior de todos os mistérios, a eles prenunciado desde a origem dos tempos, quando o homem afastou-se do Criador. Agora, “parte” do próprio Criador assumia forma humana. Entretanto, no lugar em que se poderiam esperar exércitos saudando o Verbo que se fez gente, havia apenas moscas. Onde seriam esperados chefes de estado, havia apenas burros, algumas vacas agitadas, um aglomerado nervoso de carneiros, um camelo preso a uma corda, e um rato de celeiro que olhava curioso e furtivo. Tudo conforme havia sido previsto e escrito, séculos e séculos antes...
Maria contava apenas com José para consolar-se de suas dores e para repartir suas alegrias. Havia, como se sabe, um coro de anjos anunciando a chegada do Salvador – mas somente para um grupo pequeno de pastores de ovelhas. É verdade também que uma estrela magnífica brilhou no céu para assinalar o lugar do nascimento dEle, mas apenas alguns sábios estrangeiros a entendiam e, vendo-a, a seguiram. Assim, na pequena vila de Belém... Numa noite silenciosa... O nascimento real do Filho de Deus aconteceu tão tranqüilamente... Enquanto o mundo todo dormia e sequer imaginava o que estava acontecendo...
Amado Jesus, embora não houvesse lugar para Ti na hospedaria, permite que hoje eu tenha no coração um lugar amplo para oferecer-Te. Apesar de não teres sido bem recebido por muitos do Teu próprio povo, permite que nesta hora eu possa receber-Te de braços abertos. Embora Belém tenha negligenciado a Ti no censo, concede-me, neste momento, a graça de estar por perto e saber que Tu és Deus, conforme o disseste de Tua própria boca. Sim, Tu és Deus... Tu, cujo único palácio era um estábulo e único trono um coxo de cavalos, cujas únicas vestes eram trapos.
De joelhos, meu Senhor, quero confessar que, como homem pecador, estou condicionado à pompa, à vaidade, ao orgulho, ao preconceito e à ostentação, coisas que nos obscurecem na aceitação de um Deus que balbucia numa manjedoura. Perdoa-me, por favor. Ajuda-me a compreender pelo menos algumas das lições que o Teu nascimento, que comemoramos hoje, tem para ensinar – que o poder de Deus não está condicionado à força, mas à fraqueza; que a verdadeira grandeza não se alcança com posses, vaidade e egoísmo, mas com resignação, com o negar-se a si mesmo, com o amor ao próximo, percebendo-se o mundo e seu sistema com outros olhos, os olhos do espírito. E ainda nos ensinas que a mais secular das coisas pode ser considerada sagrada quando Tu estás ali presente. E, quando Tu, cheio de infinito amor, ansioso pela minha Redenção eterna, parares à porta de minha casa e bater, conceda-me uma sensibilidade especial para o som daquela batida, e assim apresse-me em atendê-la. Não permita que eu te deixe esperar no frio, ou que ainda te mande para algum estábulo. Possa meu coração ser quente e acolhedor, de tal forma que, quando Tu bateres, haja sempre à tua espera um lugar digno de Ti...
domingo, 19 de outubro de 2008
Ariza, a mulher de “SEMPRE”...
SEMPRE Linda!
Esposa SEMPRE Incrível!
Mãe SEMPRE Inigualável!
Avó SEMPRE Presente!
SEMPRE dedicada à Família!
Irmã SEMPRE Companheira!
Filha SEMPRE Exemplar!
Mãe... Nós te amamos!
(Reconhecimento à "sempre" Ariza, no Dia das Mães)
Esposa SEMPRE Incrível!
Mãe SEMPRE Inigualável!
Avó SEMPRE Presente!
SEMPRE dedicada à Família!
Irmã SEMPRE Companheira!
Filha SEMPRE Exemplar!
Mãe... Nós te amamos!
Ricardo Marques (19/10/2008)
domingo, 10 de agosto de 2008
Meu pai
(Música para meu pai, no Dia dos Pais)
Ricardo Marques (10/08/2008)
Sabes, pai
Estava aqui a pensar...
O que eu fiz para te merecer?
Nada, eu sei.
Tu és bênção de Deus
Que Ele nos dá por amor
E não por merecer
Amor de pai, amor de mãe
Como entender? Eu não sabia...
Até que pai me tornei
E agora sei: ser pai, ser mãe
É a perfeição do vencer
Antes eu pensava:
Como retribuir?
Aí descobri: não posso.
Amor não se retribui,
Amar é dar sem querer receber
Amor de pai, amor de mãe
Imita o amor de Deus
Cresci te vendo assim
Melhor do que o Batman
Maior do que o incrível Hulk
Tu és meu super-herói
Um cara legal, meu pai, meu tudo
Um amor sem igual
Meu velho amigo
Eu queria falar
Tu és mais que amigo
Em quem posso confiar
Meu pai amigo
Eu te amo demais
Hoje e sempre,
Não só no dia dos pais
Ricardo Marques (10/08/2008)
Sabes, pai
Estava aqui a pensar...
O que eu fiz para te merecer?
Nada, eu sei.
Tu és bênção de Deus
Que Ele nos dá por amor
E não por merecer
Amor de pai, amor de mãe
Como entender? Eu não sabia...
Até que pai me tornei
E agora sei: ser pai, ser mãe
É a perfeição do vencer
Antes eu pensava:
Como retribuir?
Aí descobri: não posso.
Amor não se retribui,
Amar é dar sem querer receber
Amor de pai, amor de mãe
Imita o amor de Deus
Cresci te vendo assim
Melhor do que o Batman
Maior do que o incrível Hulk
Tu és meu super-herói
Um cara legal, meu pai, meu tudo
Um amor sem igual
Meu velho amigo
Eu queria falar
Tu és mais que amigo
Em quem posso confiar
Meu pai amigo
Eu te amo demais
Hoje e sempre,
Não só no dia dos pais
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Maior louvor (à minha amada esposa - IV)
Acordei hoje cedo de coração apertado,
Olhos marejados, vontade enorme de te dizer
Ah, querida, como admiro a mãe que é você...
Fecho os olhos e vejo momentos de outrora
Minha garota-sorriso, tão decidida, tão madura
Maravilhosa mulher, foste para mim uma cura
Nossos filhos, sonhos e desafios realizados
Sem hesitar, as costas deste à vaidade,
Quanto renunciaste, amada minha, preferindo a maternidade
Minha gratidão a ti, como expressar?
O modo como te entregaste na batalha pelos teus
Bem-aventurada, mulher sábia, mãe-presente vinda de Deus
Espírito humilde, força, ternura e bondade que,
Num só corpo devotado, gerou e amamentou
Tantos dias, tantas noites, tantas lições que ensinou
Heroína de nós todos, sempre animada, âncora firmada
Colo querido, mãos caridosas, incondicional amor
Ana Carmem, és, dentre todas as mães, a que merece maior louvor.
Poema para Ana Carmem – Dia das Mães (11/05/2008)
Olhos marejados, vontade enorme de te dizer
Ah, querida, como admiro a mãe que é você...
Fecho os olhos e vejo momentos de outrora
Minha garota-sorriso, tão decidida, tão madura
Maravilhosa mulher, foste para mim uma cura
Nossos filhos, sonhos e desafios realizados
Sem hesitar, as costas deste à vaidade,
Quanto renunciaste, amada minha, preferindo a maternidade
Minha gratidão a ti, como expressar?
O modo como te entregaste na batalha pelos teus
Bem-aventurada, mulher sábia, mãe-presente vinda de Deus
Espírito humilde, força, ternura e bondade que,
Num só corpo devotado, gerou e amamentou
Tantos dias, tantas noites, tantas lições que ensinou
Heroína de nós todos, sempre animada, âncora firmada
Colo querido, mãos caridosas, incondicional amor
Ana Carmem, és, dentre todas as mães, a que merece maior louvor.
Poema para Ana Carmem – Dia das Mães (11/05/2008)
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